"No Terreiro do Quilombo": Gestão Territorial e Ambiental em Pauta pela Justiça Climática no Quilombo Boa Vista

 



Bequimão, Maranhão – O Quilombo Boa Vista, em Bequimão, foi palco de um importante encontro voltado para a gestão territorial e ambiental com foco na justiça climática. A oficina, que faz parte do projeto "No Terreiro do Quilombo - Tem saberes, tem diversidade e tem direitos", reuniu lideranças dos três quilombos ( Boa Vista, Conceição e Iriritiua) e parceiros para debater os desafios e as soluções para as mudanças climáticas na perspectiva dos povos quilombolas.

 

Realizada pelo Instituto Quilombola do Maranhão (IQM), com o apoio fundamental da REPAM-BRASIL, Fundo Brasil, Diocese de Pinheiro, MOQBEQ e Prefeitura Municipal de Bequimão, a iniciativa destacou a urgência de se discutir e agir sobre os impactos ambientais que afetam diretamente a vida e a cultura das comunidades tradicionais.

 

Durante o evento, falas de lideranças quilombolas ecoaram a preocupação com o equilíbrio ambiental. Um dos participantes expressou a angústia diante das mudanças perceptíveis na fauna local: "Antigamente não se via alguns pássaros em nossos quintais, hoje se vê. Por que será? É porque desmataram tudo e eles não estão achando onde buscar comida e água." Essa observação pontua a conexão direta entre o desmatamento e a alteração dos ecossistemas, afetando a biodiversidade e os recursos naturais essenciais para a sobrevivência das comunidades.



Outro depoimento marcante ressaltou a resposta da natureza à intervenção humana: "Fecharam os caminhos das águas, e agora a natureza tá respondendo." A frase evidencia a percepção de que a manipulação irresponsável dos recursos hídricos acarreta consequências diretas, como secas ou inundações, impactando a subsistência e a segurança alimentar das comunidades.


A oficina reforçou a importância do conhecimento tradicional quilombola como ferramenta essencial na construção de estratégias eficazes de adaptação e mitigação às mudanças climáticas. O projeto "No Terreiro do Quilombo" reafirma o compromisso com a valorização dos saberes ancestrais e a defesa dos direitos territoriais e ambientais, elementos cruciais para a promoção da justiça climática em suas diversas dimensões.


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